terça-feira, 19 de maio de 2020

Crianças e o ensino através de EAD


Crianças precisam brincar e interagir. Como garantir que essas atividades ocorram remotamente, via uma educação a distância (EaD) precária e improvisada? Com as desigualdades existentes no Brasil, e que tendem a se acentuar, quem é que garante que os adultos poderão ficar em casa com as crianças pequenas para fazer algum trabalho pedagógico?

As professoras com quem conversamos revelam o faz-de-conta de diversas secretarias de educação. E não para brincar com as crianças, mas para cumprir burocraticamente os calendários letivos. Mesmo atormentados por uma tragédia humanitária, não estamos sabendo repensar o tempo e o espaço das atividades pedagógicas, tudo aquilo que é central quando se trata das experiências infantis.

O faz-de-conta das secretarias de educação para a EaD na Educação Infantil
Educadoras têm sido forçadas pelas redes de ensino a criar grupos de WhatsApp para interagir com as famílias das crianças, ou a abrir perfis em redes sociais como Facebook. E para quê? Para tentar estabelecer uma comunicação com famílias que muitas vezes não têm acesso à internet. E mesmo as que têm acesso, farão o quê? Aprenderão a ser professoras de seus próprios filhos?

Algumas redes de ensino “orientam” as famílias, oferecendo listas de brincadeiras e canções para serem utilizadas com as crianças. Mas há coisas bem mais graves, como sugestões de atividades de traçado do alfabeto e das letras do nome, de repetição oral dos numerais e desenhos prontos para serem coloridos. Tudo aquilo que é contraindicado pelas DCNEI e até mesmo pela Base Nacional Comum Curricular, que, embora criticável, não orienta esse tipo de atividade para crianças pequenas.

Penalizadas com a situação de suas crianças, diversas professoras não tiveram coragem de enviar materiais por e-mail para as famílias imprimirem. Utilizando seus próprios recursos, elas imprimiram os materiais e os entregaram pessoalmente dias antes do início do isolamento. Outras, cientes das dificuldades das famílias, sabem que a internet é um bem escasso entre os mais pobres e que a frequência das crianças à creche é, muitas vezes, a única garantia de poderem se alimentar.

Um grupo de professoras de uma mesma rede municipal foi enfático ao criticar a intensificação do controle de seu trabalho. Para elas, a preocupação maior da rede de ensino em que trabalham é “garantir” duas coisas: o registro minucioso do trabalho realizado, para que não haja necessidade de repor as atividades; e o rígido controle do tempo do trabalho docente.

Além da obrigação de estabelecerem algum tipo de contato com as famílias para o registro das atividades, as professoras foram avisadas de que, durante o seu período de trabalho, precisam estar à disposição das famílias, dos diretores escolares e também dos funcionários da secretaria de educação. A jornada de trabalho das professoras, em permanente stand by, aumenta de tamanho e invade o tempo de suas horas de descanso.

A Educação Infantil não pode ser realizada por via remota. Não há argumento que sustente que crianças pequenas, e principalmente bebês, devam passar diversas horas por dia diante de telas de TV, celulares ou computadores. Brincar e interagir pressupõem a presença do outro. E não apenas de um adulto especialista – um/a professor/a, no caso –, mas também de outras crianças. Esta é uma etapa muito particular da vida, que merece educação e cuidado da família, mas também de profissionais formados para organizar adequadamente o tempo e o espaço pedagógicos, garantindo brincadeiras e interações de boa qualidade.

Se neste momento não é possível que as crianças voltem à escola, nossos governantes deveriam se preocupar mais com a vida e a saúde dos pequenos, oferecendo os recursos materiais para que um adulto possa de fato estar em casa nesse período. O que não dá para aceitar é que todos os problemas estarão resolvidos com atividades a distância para bebês e crianças tão pequenas. A Educação Infantil não admite improvisações.

Leia a versão estendida desse texto no site da Ponte Jornalismo.

Bianca Correa possui doutorado em Educação e é professora associada da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, na área de Políticas e Práticas da Educação Infantil, onde também integra o Programa de Pós-Graduação em Educação. Integra a Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

Fernando Cássio é doutor em Ciências e professor da Universidade Federal do ABC. Integra a Rede Escola Pública e Universidade e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Organizou o livro Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar (Boitempo, 2019).

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Será este o futuro da educação?


Muito além da ficção. A frase "o futuro da educação" mostra agora um novo sentido.
Acredito que estamos todos de aviso prévio e seremos demitidos e trocados por profissionais que não necessitam de formação”.
A fala é do professor Jonas*, docente citado na reportagem da Agência Pública, veiculada no final de abril, sobre o uso de inteligência artificial para correção de textos sem que os alunos soubessem.

Jonas tinha razão. Na quarta-feira, 13 de maio, segundo informações recebidas pela reportagem, ao menos 90 profissionais já foram demitidos do grupo Laureate. A maioria dos demitidos é professor dos cursos à distância do grupo, dono de universidades como Anhembi Morumbi, FMU e outras nove universidades pelo país.

O quadro de professores de EAD, segundo apurou a reportagem, é de pouco mais de uma centena de docentes. Ou seja: a demissão afetou a maioria deles. Segundo os professores, todos os professores EAD serão desligados, informação também confirmada pelo Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP). A Laureate confirmou à Pública as demissões.
Os professores desligados trabalhavam exclusivamente com as disciplinas on-line e, a partir de agora, o objetivo é que os docentes das instituições atuem em ambas as modalidades de ensino”.
Segundo os professores entrevistados, eles serão substituídos pela figura de um “profissional monitor”, que não tem a mesma formação de um professor e que ficará dedicado a tirar dúvidas que não envolvem conteúdos das disciplinas. “Uma espécie de operador de chat para tirar dúvidas gerais”, resume Jonas, que reforça que os uso de inteligência artificial para atividades dissertativas segue em funcionamento.

Segundo Jonas, os monitores vão receber 1200 reais por oito horas de trabalho. Professores como ele recebiam mais do que o dobro.

Agora desempregado, Jonas conta que ficou assustado com a demissão em meio a pandemia de coronavírus — sua esposa também está desempregada.

A docente Silvana avalia que sua demissão e dos colegas reforça a ideia de que a Laureate “está preocupada com lucro e não com educação”.
Isso é um projeto da Laureate, já que as últimas medidas tomadas por ela, como o LTI [inteligência artificial], vão nesse sentido. Ainda que publicamente ela fale sobre a importância do professor, na prática, demite a totalidade de professores do EAD, para substituí-los e/ou por monitores sem especialização ganhando menos, ou por PJ [pessoas jurídicas] sem as garantias trabalhistas e por robôs”.

Saiba mais: https://apublica.org/2020/05/apos-uso-de-robos-laureate-agora-demite-professores-de-ead/ 

terça-feira, 12 de maio de 2020

Decisão da justiça obriga desconto nas escolas

A Defensoria Pública do Estado do Ceará, por meio dos Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas e Núcleo de Defesa do Consumidor, garantiu na Justiça um percentual de 30% de desconto nas mensalidades das escolas particulares que estão vinculadas ao Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará, abrangendo nominalmente outras 46 escolas no polo passivo. 

A decisão é do juiz Magno Gomes de Oliveira, da 10a Vara Cível de Fortaleza e saiu na manhã desta quarta-feira (06), deferindo parcialmente a Ação Civil Pública interposta pela Defensoria Pública do Estado do Ceará, que levou os reclames de vários pais, que chegaram aos seus núcleos a discussão que também vem sendo feita no âmbito da Assembleia Legislativa do Ceará.

As escolas estão obrigadas a dar o imediato desconto de 30% do valor total de cada mensalidade escolar com alcance de alunos matriculados no ensino infantil, pré-escolar, ensino fundamental e ensino médio até o período de vigência do Decreto Estadual n. 33.519/2020, que determinou o isolamento social e, consequentemente, a suspensão de aulas.

Escolas que devem oferecer os descontos

Colégio 21 de abril, Colégio Educar 21 de abril, Colégio Sete de Setembro, Colégio Acadêmico, Colégio Academos, Colégio Ágape, Colégio Antares, Colégio Ari de Sá Cavalcante, Colégio Ateneu Ceará, Colégio Militar Batalha de Riachuelo, Colégio Batista Santos Dumont, Colégio Dom Bosco Salesiano, Colégio Cearense Total, Colégio Santa Isabel, Colégio Santa Cecília, Colégio Christus, Colégio Darwin, Colégio Espaço Aberto, Colégio Equipe, Organização Educacional Farias Brito, Colégio Genius, Colégio Globomax, Instituto Pedagógico Guri Ltda, Colégio Gustavo Braga, Colégio Santa Helena, Colégio Santo Inácio, Colégio Jim Wilson, Organização Educacional Juscelino Kubitschek, Colégio J. Oliveira, Colégio Juvenal de Carvalho, Colégio Casa da Tia Léa, Escola Marista do Sagrado Coração, Colégio Master, Associação de Educação Vicentina Santa Luisa de Marilac, Colégio Nossa Senhora das Graças, Colégio Nova Dimensão, Colégio Novo Tempo, Instituto Educacional Carinho, Colégio Provecto, Colégio Queiroz Belém, Colégio Dom Quintino, Colégio Teleyos, Colégio Tiradentes, Colégio Santo Tomás de Aquino, Colégio Vasconcelos Vieira e Colégio Veja.


Descontos com percentuais diferentes

Gráfico mostra como ficam os descontos, de acordo com emenda 01 aprovada nas comissões conjuntas. Arte: Ascom/Dep.Julinho.


Fonte e maiores informações

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Enem 2020 - Abertas as inscrições


ENEM digital
Você sabia que o Enem Digital não é uma ideia recente? Desde 2015, o Ministério da Educação (MEC) analisa a possibilidade de aplicar as provas do Enem somente na versão digital.

Depois de 4 anos de estudos e de consultas públicas sobre o tema, o projeto saiu do papel: o Enem Digital começa como teste em fase piloto em 2020 e também nas edições seguintes até 2025.

Curioso? Veja como o Enem Digital funciona, quem pode fazer esse novo formato de exame e quando a prova impressa deixará de ser aplicada.

O que é e como funciona o Enem Digital
O Enem Digital é a versão informatizada do Enem. Em vez de cadernos de provas e cartão de respostas em papel, os participantes inscritos no Enem Digital fazem as provas diretamente no computador. Contudo, a estrutura do exame continua igual:
  • 2 domingos de provas
  • 4 provas objetivas
  • Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (45 questões)
  • Ciências Humanas e suas Tecnologias (45 questões)
  • Ciências da Natureza e suas Tecnologias (45 questões)
  • Matemática e suas Tecnologias (45 questões)
  • 1 prova discursiva (redação)
A aplicação acontece em laboratórios de informática em diversas faculdades brasileiras.

Ou seja: você NÃO fará a prova em casa. Você receberá um cartão de confirmação da inscrição no Enem com o endereço da faculdade e o laboratório de informática. É nesse local que você fará a prova: um ambiente seguro, vigiado e supervisionado por fiscais no Enem.

E a taxa de inscrição? Durante esse período de mudança gradual, não está previsto alteração no valor da taxa de inscrição: o custo será o mesmo para o Enem Digital e para o Enem Regular.

Quando acontecem as provas do Enem Digital
O Ministério da Educação aplica a versão informatizada em outubro, antes do Enem Regular (em papel) e como um formato opcional ao participante.

O primeiro teste com o Enem Digital acontece na edição de 2020 e a mudança para a versão digital será progressiva.

Com os resultados da fase piloto, o exame informatizado será aprimorado constantemente até 2025, considerando um maior número de participantes e de aplicações por ano.

Nas próximas edições, o Enem Digital deverá continuar ocorrendo antes do Enem Regular. Contudo, é provável que a prova informatizada aconteça mais vezes por ano até 2025.

A partir de 2026, as provas do Enem serão 100% digitais para todos os inscritos.

Quem pode participar do Enem Digital
Nas aplicações testes, a previsão é que 1% dos participantes inscritos façam a prova digital — esse número pode aumentar até 2025.

Para fazer esse exame informatizado, é necessário realizar a prova nas cidades selecionadas pelo Ministério da Educação.

A partir de 2021, o MEC divulgará novos municípios que receberão o Enem Digital e a quantidade de aplicações por ano.

A opção de fazer o Enem Digital aparece no ato da inscrição do Enem 2020 em diante.

As inscrições vão até o dia 22 de maio. Para se inscrever clique aqui.

Fonte e mais informações : https://www.ead.com.br/faculdades-a-distancia/enem-digital.html

sábado, 9 de maio de 2020

Novo Saeb e o Enem Seriado



O exame foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A autarquia tornou o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) anual. A prova, que atualmente é aplicada de dois em dois anos a estudantes do 2º, 5º e 9º anos do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio, passará a ser feita por todos os estudantes do país, de todas as séries, a partir do 2º ano do ensino fundamental.

O novo Saeb, será implementado aos poucos. O 1º ano do ensino médio será o primeiro a ser incorporado, em 2021. O Inep pretende também usar os resultados do exame não apenas para verificar a qualidade das escolas, como é feito hoje, mas para possibilitar o ingresso em universidades. Por causa da nova função, o Saeb aplicado aos estudantes do ensino médio ganhará um nome, Enem seriado.

Nessa etapa, a prova será digital, feita em tablets, que serão distribuídos pelo Ministério da Educação. O conteúdo do Enem seriado deverá estar organizado de maneira semelhante ao Enem tradicional, em quatro áreas de conhecimento: matemática, linguagens, ciências da natureza e ciências humanas. Será usado o mesmo método de correção, chamado teoria de resposta ao item (TRI)

A Agência Brasil conversou com o presidente do Inep, Alexandre Lopes, sobre as mudanças que foram anunciadas e sobre como serão as novas provas. Segundo ele, como a avaliação vai ser implementada aos poucos, apenas em 2024 os estudantes que ingressarem no ano que vem no ensino médio poderão usar as notas para concorrer a vagas na universidade.

Para ler a matéria completa clique aqui.

Saeb: especialistas em educação avaliam impactos do novo sistema
O economista e superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, diz que o Saeb foi um marco nas métricas de avaliação da qualidade da educação brasileira.

“O Brasil conseguiu entrar em um hall importante dos sistemas de avaliação internacionais”, comenta.

Agora, 30 anos depois da criação, o Saeb passou por uma reformulação, e o novo sistema promete expandir o método de avaliação para todas as séries e com uma novidade ainda maior: o Enem seriado.

Saiba mais clicando aqui.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br