quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Apenas um em cada 4 brasileiros domina plenamente habilidades de leitura, escrita e matemática

Foto: FreePik
Somente um em cada quatro brasileiros tem domínio pleno de habilidades básicas de leitura, escrita e matemática. Os dados fazem parte do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf),realizado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa.

O Inaf, criado em 2001, avalia essas três áreas, classificando os participantes em quatro níveis: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados em nível básico e alfabetizados em nível pleno, sendo os dois primeiros níveis considerados como analfabetismo funcional (leia as definições abaixo). Ele é realizado por meio de entrevista e teste cognitivo numa amostra de 2 mil pessoas representativa da população brasileira.

Os resultados deste ano também mostram que o Brasil vem avançando progressivamente na redução do analfabetismo absoluto e no nível rudimentar: em dez anos, o percentual da população alfabetizada funcionalmente foi de 61% em 2001 para 73% em 2011. No entanto, a proporção de pessoas que atingem o nível pleno de alfabetismo está estagnada há 10 anos em 25%.

O esperado é que essas pessoas saíssem do Ensino Fundamental com o pleno domínio do que o Inaf testa. É o básico para ele aprender qualquer outra coisa. Mas não é o que acontece”, explica Ana Lúcia Lima, diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro. “O Brasil conseguiu, nas últimas décadas, garantir que a maior parte de suas crianças e jovens chegasse à escola e permanecesse nela. Garantir a qualidade desse processo agora é o maior desafio.

Para ela, o País precisa melhorar suas políticas educacionais voltadas para a aparcela da população que não sabe ler e escrever plenamente. “Precisamos investir nas iniciativas como a Educação de Jovens e Adultos (EJA), que está bastante abandonada nos últimos anos. Além disso, cabe também às empresas, movimentos sociais, igrejas e outras entidades que tomem o papel de atores na qualificação do letramento dessas pessoas.


Defasagem

Segundo o IBGE, o número de brasileiros com ensino médio ou superior cresceu em quase 30 milhões na década de 2000 a 2010. O Inaf mostra que esse aumento, apesar de positivo, traz problemas crônicos que vêm da Educação Básica. Segundo o índice, entre as pessoas que concluíram o Ensino Médio, a proporção de alfabetizados em nível pleno era de 49% em 2001 e caiu para 35% em 2011. No Ensino Superior ocorre o mesmo: 76% das pessoas neste nível de escolaridade eram plenos em 2001 – o número caiu para 62% em 2011.

Precisamos fechar a torneira do analfabetismo funcional logo no início. Isso deve ser feito nas primeiras séries do Ensino Fundamental, evitando que a situação se prolongue”, observa Ana. “E isso deve ser feito sem deixar nenhuma criança para trás, respeitando a maturidade e o ritmo de cada uma delas.

Os resultados da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), avaliação inédita da qualidade da alfabetização das crianças que concluíram o 3º ano (2ª série), revelam que 56,1% dos alunos aprenderam o que era esperado em Leitura para este nível do ensino, e 42,8% em Matemática, com grande variação entre as regiões do País e as redes de ensino (pública e privada). A avaliação, uma parceria do Todos Pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro/Ibope, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), foi aplicada no primeiro semestre de 2011 a cerca de 6 mil alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais do País.

No início do mês, o Ministério da Educação (MEC) lançou, por meio de uma portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU), o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. O texto traz as ações e as diretrizes gerais do pacto firmado entre o governo federal, Estados, municípios e entidades para firmar o compromisso de alfabetizar as crianças até, no máximo, 8 anos, ao final do 3º ano do Ensino Fundamental.


Os quatro níveis de alfabetismo definidos pelo Inaf:

Analfabetos funcionais

Analfabetos: não conseguem realizar nem mesmo tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler números familiares (números de telefone, preços, etc.).

Alfabetizados em nível rudimentar: localizam uma informação explícita em textos curtos e familiares (como, por exemplo, um anúncio ou pequena carta), leem e escrevem números usuais e realizam operações simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas quantias.

Funcionalmente alfabetizados

Alfabetizados em nível básico: leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo com pequenas inferências, leem números na casa dos milhões, resolvem problemas envolvendo uma sequência simples de operações e têm noção de proporcionalidade.

Alfabetizados em Nível pleno: pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para compreender e interpretar textos usuais: leem textos mais longos, analisam e relacionam suas partes, comparam e avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses. Quanto à matemática, resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas de dupla entrada, mapas e gráficos.

Fonte: Todos pela educação

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