Conforme dados do INEP (2011), no ano de 2010 o curso de Pedagogia a Distância apresentou o maior número de alunos ingressantes entre todos os cursos superiores com 78.817 novos alunos, enquanto o curso de administração apresentou 42.782 alunos. Em relação ao total de alunos desses cursos no ano de 2010, o maior número de alunos a distância está no curso de Pedagogia, correspondendo a 34,2% do total de alunos da modalidade. (FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA. Educação a distância: Oferta, características e tendências dos cursos de licenciatura em pedagogia. Disponível em http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/2011/relatoriofinal.pdf. Acesso em 30 jul 2012).
Pesquisa encomendada pela Fundação Victor Civita e realizada a partir da coordenação da professora doutora Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, levantou dados ao longo de um ano (entre junho de 2011 e maio de 2012) a respeito da graduação on-line em pedagogia no Brasil.
O intuito era buscar informações que permitissem compreender como funciona esta formação no país. Questões relativas às instituições que oferecem estes cursos, o crescimento na procura, a estrutura operacional destas graduações, os profissionais que estão atuando como tutores, perfil dos alunos, currículo oferecido, mídias utilizadas, entre outras, constituem o cerne da pesquisa.
Foi escolhida a formação em pedagogia tendo em vista algumas particularidades, entre as quais se destacam:
- Tratar-se hoje da graduação com maior quantidade de alunos inscritos no país: 273 mil estudantes de acordo com dados do MEC/INEP até 2010.
- A ênfase governamental nos programas formativos de professores tanto na instância presencial quanto nos programas a distância tendo em vista a necessidade de novos docentes e de melhor qualificação da mão de obra que atua no setor.
- A rápida proliferação de cursos de pedagogia e licenciaturas on-line que formam professores no país, área que mais rapidamente cresceu e que abarca o maior contingente de alunos do segmento de educação a distância.
- O segmento tem a participação de instituições públicas e, principalmente, privadas, para a formação destes futuros profissionais de educação. A proporção é de 9 alunos em instituições privadas para cada 1 aluno que ingressa em cursos on-line de universidades públicas.
- Por ser o maior segmento de formação universitária on-line do país, os dados podem orientar o conhecimento e os passos a serem tomados para os próximos anos tanto em pedagogia e licenciaturas quanto em outras áreas de formação profissional.
Tendo em vista estes dados, permanecem ainda dúvidas entre profissionais da área da educação e também em segmentos da sociedade civil quanto a qualidade do ensino on-line. As questões referem-se à ideia de que esta formação, por prescindir dos professores e do convívio dos alunos, não oferece as mesmas perspectivas e possibilidades de qualidade quanto aos profissionais vindouros, ou seja, aqueles que concluem tais cursos.
Associa-se, portanto, a ideia de que formação plena é aquela que acontece presencialmente. Os resultados permitem visualizar uma mudança progressiva deste quadro, com o surgimento de alguns cursos no país que oferecem qualidade tão boa quanto a das melhores graduações presenciais. Ainda estamos longe do ideal. Há ajustes a serem feitos, principalmente quanto à tutoria, conforme apregoam as responsáveis pela pesquisa.
Temos problemas técnicos que persistem, mas que tendem a desaparecer com a melhor qualidade das conexões e suporte, com a expansão das mais recentes tecnologias quanto a fibras óticas e a melhoria dos serviços de acesso à internet no país. De acordo com a pesquisa, no entanto, estas situações ficam em segundo plano quando consideramos a necessidade de formação e preparo dos profissionais responsáveis pela tutoria nos cursos on-line.
Os tutores precisam conhecer as tecnologias que estão sendo utilizadas, atualizar-se quanto a novas ferramentas, conhecer os conteúdos trabalhados e, principalmente, estar atuando a todo o momento de forma a dar suporte, acompanhar, monitorar e cobrar a participação ativa dos estudantes.
As perspectivas são de crescimento expressivo no segmento. Tínhamos cinco mil alunos matriculados em cursos on-line no início do século XXI. Doze anos depois os dados já indicam 930 mil estudantes. Até 2015, portanto, nos próximos três anos, teremos o ingresso, de acordo com as projeções, de mais de meio milhão de alunos, totalizando cerca de 1,5 milhão de estudantes em cursos de graduação on-line.
Para os céticos quanto à qualidade da formação é importante ressaltar que há instituições internacionais que atuam na área, como a Open University, que tem firmado padrões e práticas na área a orientar os passos de tantas outras iniciativas surgidas nos últimos 15 anos pelo mundo afora.
A adesão de universidades americanas de renome, como a Universidade da Califórnia, Stanford, Princeton, Michigan, Harvard e o Massachussetts Institute of Technology a cursos on-line tende a tornar ainda mais forte e presente o ensino nesta modalidade, trazendo investimentos e mais alunos.
O interesse de grandes empresas do setor de tecnologia em investir na área educacional, como o Google, a Apple e a Microsoft, são também indicativos de que a educação on-line, seja para a graduação ou para outros segmentos educacionais, é uma realidade que está cada vez mais consolidada mundo afora.
No Brasil, país de dimensões continentais, além das distâncias a serem vencidas, a inexistência de campus avançados em regiões interioranas ou isoladas do país indicam que a instalação de polos de formação trata-se de uma medida que poderá auxiliar a nação a dispor de mais profissionais, não só para a educação, para compor a mão de obra especializada que o país necessita.
Além da questão da formação dos tutores, outras questões que precisam de revisão relacionam-se aos currículos destas graduações on-line e a qualidade dos materiais de apoio. O uso de apostilas está em questão. Aposta-se muito nas plataformas virtuais como fonte de recursos de apoio como livros (ou trechos), vídeos, games, podcasts...
De qualquer modo, a pesquisa aponta para um futuro no qual a educação on-line se consolide cada vez mais, respondendo por cerca de 1/3 dos formandos brasileiros, dentro de índices que acompanham a média mundial. Melhorar ainda mais a qualidade destes cursos para que respondam adequadamente as demandas do público e do mercado são, portanto, os grandes desafios que estão no horizonte.
Fonte: João Luís de Almeida Machado - CMais+
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